quinta-feira, 9 de agosto de 2012

No túmulo de um inglês


És bem feliz,mylord!... na tua tumba fria
Um sono gozas, bom — no seio da soedade
Feliz!... não tens o Sol de tu'Albion sombria
Mas tens o olhar de Deus — O Sol da eternidade!...

És bem feliz mylord a triste ventania
Soluça nos ciprestes os cantos da saudade...
Quem sabe se te traz — em vozes de agonia—
Os risos e as canções de tua mocidade!...

Estás livre do splen... invejo-te deveras...
Do túmulo a sombra espanca as pálidas quimeras.
— Em teu berço de pedra embala-te a soidão...

És bem feliz mylord — assim antes eu fora!...
Tu tens a calma eterna, a solidão sonora
E tu não tens — feliz — não tens — teu coração...

Euclides da Cunha
Rio — 2 de Novembro 1883.


Nenhum comentário:

Postar um comentário